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ABANDONO MATERNOMãe diz que tentou dar futuro melhor ao bebê
Recém-nascido foi abandonado na noite de Natal. Defesa nega que a criança tenha sido arremessada sobre muro
Belém. O advogado da mulher que embrulhou num saco plástico seu filho recém-nascido e o jogou na casa de um vizinho na noite de Natal, em Belém (PA), disse que ela estava tentando dar à criança um futuro melhor.
De acordo com o defensor Paulo Barradas, a mãe de 20 anos achou que, caso o bebê fosse descoberto, seria expulsa da casa em que morava, com a tia, e que não seria acolhida pela família no interior do Maranhão, de onde saiu há pouco menos de um ano.
"Ela vem de uma família muito retrógrada", disse o advogado. Ficou então "muito assustada" com a possibilidade de não conseguir criá-lo e imaginou que o vizinho, "de uma família honesta", pudesse fazê-lo.
Polícia discorda
Na versão da Polícia, a mulher jogou o bebê por sobre um muro, que tem cerca de dois metros. Barradas discordou do uso do verbo "jogar" para o que a mãe fez com o recém-nascido.
Segundo o advogado, ela se debruçou o máximo que pôde no muro e esticou o braço que segurava o saco, para que o bebê não sofresse com a queda. "Se ela quisesse matá-lo, teria perfurado ele com a tesoura que usou para cortar o cordão umbilical", argumentou.
"Ela usou um saco plástico para o bebê não ficar vulnerável ao frio e deixou uma abertura de ar. Foi um raciocínio simplório, mas a tentativa era salvar a criança e garantir algum futuro", completou.
A criança continua hospitalizada na Santa Casa de Misericórdia de Belém, mas não corre risco de morrer. Devido ao incidente, teve apenas escoriações e deve sair do hospital na semana que vem.
De acordo com Barradas, a mãe vai pedir a guarda do filho. Caso não consiga, a avó do bebê também tentará ficar com ele.
Destino indefinido
O destino da criança será agora decidido pela Justiça. Se não ficar com a mãe nem com sua família, poderá ir para adoção.
Conselheiros tutelares já disseram em entrevistas que consideram pequena a chance de a mãe ter a guarda do bebê. A criança permanecerá em um abrigo até que seja definido com quem ficará.
Apelidado de Kal-El (nome original do personagem de histórias em quadrinhos Super-Homem) pelos paramédicos que o resgataram, o bebê sobreviveu por cerca de 12 horas dentro do saco fechado.
Os paramédicos também o chamaram de Kal-El de Jesus, já que ele nasceu no dia 24 e foi achado no dia de Natal. O menino ainda não foi batizado.
Em depoimento à polícia da noite de terça-feira, a jovem, que saiu do interior do Maranhão para trabalhar como babá na casa da tia, confirmou o relato feito ao Conselho Tutelar. Ela disse que escondeu a gravidez porque ficou com medo da reação da família.